Tenho vontades que nem o tempo apaga. Só você atiça.
Ela nunca foi de esquecer fácil.
Não porque guardasse mágoas — mas porque certas vontades se alojam no corpo como memória de pele.
Podia passar o tempo, os dias, as distrações...
Mas bastava uma lembrança dele, uma palavra dita no tom certo, e tudo reacendia.
— Ainda sente?
Ele perguntou como quem não esperava resposta.
Mas ela, sem hesitar:
— Algumas vontades não passam. Só esperam você voltar pra acender de novo.
E ele entendeu.
Ela não queria recomeços.
Queria continuidade.
Queria a intensidade de antes, com a liberdade de agora.
Sem máscaras.
Com suor, gemido e olho no olho.
Porque certas vontades não morrem.
Dormem.
E bastam dois toques certos — um no corpo, outro na alma — pra incendiar tudo outra vez.