quarta-feira, 28 de maio de 2025

Tem vontade minha que só tua boca acalma.

 

Tem vontade minha que só tua boca acalma.

Ela falava pouco, mas o corpo inteiro gritava. Não era fácil disfarçar a tensão quando ele chegava perto.

O cheiro, a voz, o jeito — tudo nele parecia cutucar alguma urgência adormecida.

— Por que esse olhar? — ele perguntou, notando o brilho diferente nos olhos dela.

Ela não desviou. Estava cansada de fingir que não sentia.

— Porque tem vontade minha que só tua boca acalma.

Ele sorriu. E ela continuou, num tom mais baixo:

— Não é fome, nem sede. É outra coisa. Mais funda. Mais quente.

Um desejo que nem palavra alcança.

É como se meu corpo inteiro tivesse te esperando, só pra te provar que é na tua boca que eu descanso essa vontade.

E ali, entre o silêncio e o arrepio, ele entendeu.

Não era carência. Era pura lascívia, feita de desejo acumulado, daqueles que não se explicam, só se sentem, com a pele em brasa e a respiração fora do ritmo.

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