Tem coisa em mim que só geme quando alguém lê com a língua.
Ela era feita de letras.
Mas as palavras certas, aquelas que realmente a faziam gemer por dentro… não estavam em nenhum livro.
Estavam no corpo. No toque. Na língua que sabe soletrar sem pressa.
— Posso te ler? — ele perguntou, com o olhar de quem já sabia a resposta.
— Depende… — ela sussurrou, com um sorriso que escorria malícia.
— Do quê?
Ela se inclinou, encostando os lábios no pescoço dele, como quem lê em braile com a respiração.
— Se vai usar a língua.
Porque tinha coisa nela que não se traduzia em papel.
E sim em arrepio.
Tinha frase gravada entre as coxas, vírgulas na curva da coluna, ponto final entre os gemidos.
E ele?
Ele já estava lendo.
Página por página.
Grito por dentro.
Língua por fora.
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