Às vezes eu sussurro só pra ver quem se arrepia.
— Por que fala tão baixo? — ele perguntou, inclinando-se para ouvi-la melhor.
Ela sorriu, sem pressa, e o olhar carregava a mesma intenção da voz: um convite sutil ao arrepio.
— Às vezes eu sussurro só pra ver quem se arrepia — respondeu, e naquele instante, ele sentiu mais do que ouviu.
Não era só o tom. Era o jeito como as palavras roçavam na pele feito vento quente. Era o ritmo lento, o som grave e íntimo. Como se cada frase tivesse sido feita para ser sentida antes de ser compreendida.
Ela sabia que existia poder no silêncio entre uma palavra e outra. Sabia que o arrepio começava na imaginação, e que um sussurro bem colocado podia fazer mais estrago do que um grito.
Ele sorriu, mas era um sorriso nervoso. Porque naquele momento, com o corpo despertando e o pensamento tropeçando, ele entendeu: o perigo era real — e vinha em forma de voz.
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