sexta-feira, 4 de abril de 2025

Gosto de quem entende o não dito.

 

Algumas conversas não precisam de palavras. Elas acontecem nos intervalos. No olhar mais longo, na ausência calculada, no silêncio que vibra mais alto que qualquer frase.


Ele ficou esperando a resposta dela. Tinha mandado uma mensagem curta, provocante, esperando que ela entrasse no jogo. Mas ela não respondeu. Não de imediato. Deixou o espaço se esticar como um elástico prestes a romper.


E quando finalmente respondeu, veio com precisão cirúrgica:


— E você precisa mesmo de palavras pra saber o que eu quero?


Ele sorriu.


Ela era o tipo que falava com o corpo, com o tempo, com as entrelinhas. Gente que sente mais do que explica, que provoca mais com o silêncio do que com declarações.


Ela gostava de quem decifrava. De quem percebia os sinais. De quem lia no tom da voz aquilo que ela não dizia — e ainda assim queria gritar.


Gente que entende o não dito não precisa perguntar demais. Só sente. E age.

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