Algumas conversas não precisam de palavras. Elas acontecem nos intervalos. No olhar mais longo, na ausência calculada, no silêncio que vibra mais alto que qualquer frase.
Ele ficou esperando a resposta dela. Tinha mandado uma mensagem curta, provocante, esperando que ela entrasse no jogo. Mas ela não respondeu. Não de imediato. Deixou o espaço se esticar como um elástico prestes a romper.
E quando finalmente respondeu, veio com precisão cirúrgica:
— E você precisa mesmo de palavras pra saber o que eu quero?
Ele sorriu.
Ela era o tipo que falava com o corpo, com o tempo, com as entrelinhas. Gente que sente mais do que explica, que provoca mais com o silêncio do que com declarações.
Ela gostava de quem decifrava. De quem percebia os sinais. De quem lia no tom da voz aquilo que ela não dizia — e ainda assim queria gritar.
Gente que entende o não dito não precisa perguntar demais. Só sente. E age.
Nenhum comentário:
Postar um comentário