Ele lia cada palavra como quem decifrava um segredo antigo. Havia algo na escrita dela que ia além da técnica. Era cheiro, calor, presença.
Ela escrevia com o corpo. Com a memória do toque, com a tensão do não dito. Não era sobre rima. Era sobre ritmo. E entre uma linha e outra, deixava escorrer um arrepio que não se explicava — se sentia.
— Você escreve pensando em mim? — ele perguntou, já sabendo a resposta.
Ela não respondeu. Apenas sorriu.
Porque alguns desejos não cabem na fala. São feitos pra vibrar por entre letras, invadir pensamentos, tocar onde os dedos não alcançam.
E ele leu. Leu até o fim. E mesmo depois, ainda tremia.
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