Ele sempre dizia que ela exagerava. Que sua intensidade era demais, que suas palavras vinham carregadas de algo impossível de ignorar.
Mas era só ela se aproximar, só sua voz baixar num sussurro qualquer, que o corpo dele traía qualquer argumento.
— Você exagera… — ele tentou, num tom casual, mesmo quando sentiu o arrepio subir pela nuca.
Ela sorriu, porque sabia. Porque sempre soube.
— Ah, é? Então me diz… — inclinou-se só um pouco, o suficiente para que o ar entre os dois se aquecesse.
Ele segurou o olhar dela, sem responder. Não precisava. Ela já tinha a resposta, visível na pele, no jeito que ele respirava mais fundo, no silêncio carregado de intenção.
Ela passou a ponta dos dedos de leve pelo próprio pescoço e viu os olhos dele seguirem o movimento, atentos, famintos. Então, sussurrou, como se apenas jogasse com o destino:
— Por que você está arrepiado?
Ele soltou uma risada baixa, derrotado, e finalmente fez o que evitava desde o primeiro instante. Se inclinou, chegando perto o suficiente para que ela sentisse a resposta, sem precisar ouvir palavra alguma.
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