Era apenas uma conversa. Palavras trocadas entre notificações, pontuações escolhidas com precisão. Mas ele sentia—cada frase dela tinha um peso diferente, uma intenção velada que ia além da tela.
— Você sempre escreve assim? — ele perguntou, os olhos fixos no brilho do celular, sentindo o calor subir pelas palavras digitadas.
Ela sorriu sozinha, imaginando a expressão dele do outro lado.
— Assim como? — respondeu, se fazendo de desentendida.
— Como se cada frase tivesse gosto, como se eu pudesse sentir sua boca entre as letras...
Ela mordeu o lábio, gostando do jogo. Digitou devagar, saboreando a espera que se instalava entre eles.
— Cuidado... Algumas mensagens podem ser beijos disfarçados.
A resposta dele demorou um pouco mais. Talvez estivesse absorvendo o efeito daquelas palavras. Talvez estivesse sentindo o arrepio que a ideia provocava. Quando finalmente chegou, veio curta, mas carregada de desejo contido.
— E se eu quiser sentir de verdade?
Ela inclinou a cabeça, os olhos fixos na tela. O jogo estava ficando interessante.
— Então pare de ler e venha descobrir.
A última mensagem ficou ali, pendurada entre o silêncio e a promessa. Do outro lado da tela, ele já sabia que aquela noite não terminaria apenas em palavras.
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