terça-feira, 8 de julho de 2025

Tem toque meu que não se esquece nem lavando a alma.

 Tem toque meu que não se esquece nem lavando a alma.

Ele ainda lembrava.
Do cheiro dela, da curva exata do quadril, da forma como as mãos dela sabiam o caminho — como se ele fosse casa.

Mas o que mais doía era a lembrança do toque.
Aquele que vinha devagar, com a ponta dos dedos, e depois virava arrepio, falta de ar, perda de juízo.

— Você deixa marca? — ele perguntou da última vez, tentando soar leve.

Ela sorriu com um misto de desafio e certeza.

— Nem se lavar a alma, sai.

— Tudo isso?

Ela encostou a ponta dos dedos no peito dele e sussurrou:

— É que meu toque gruda… no corpo e na memória.

E ele sabia.
Sabia porque nunca conseguiu esquecer.
E, no fundo, nunca quis.


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