Tem toque meu que não se esquece nem lavando a alma.
Ele ainda lembrava.
Do cheiro dela, da curva exata do quadril, da forma como as mãos dela sabiam o caminho — como se ele fosse casa.
Mas o que mais doía era a lembrança do toque.
Aquele que vinha devagar, com a ponta dos dedos, e depois virava arrepio, falta de ar, perda de juízo.
— Você deixa marca? — ele perguntou da última vez, tentando soar leve.
Ela sorriu com um misto de desafio e certeza.
— Nem se lavar a alma, sai.
— Tudo isso?
Ela encostou a ponta dos dedos no peito dele e sussurrou:
— É que meu toque gruda… no corpo e na memória.
E ele sabia.
Sabia porque nunca conseguiu esquecer.
E, no fundo, nunca quis.
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