sexta-feira, 23 de maio de 2025

Te olho e já imagino o que não posso escrever aqui.

 

Te olho e já imagino o que não posso escrever aqui.

— Em que tá pensando? — ele perguntou com um sorriso torto, curioso com o silêncio dela.

Ela não respondeu de imediato. Apenas o encarou com um olhar que passeava, sem pudores, por cada detalhe do rosto dele. Pela curva da boca, pelo pescoço exposto, pelo jeito como os dedos tamborilavam impacientes sobre a mesa.

Depois, inclinou-se ligeiramente e sussurrou, com a voz baixa o suficiente pra provocar:

— Te olho e já imagino o que não posso escrever aqui.

Ele engoliu seco.

Porque ela não precisava descrever nada. O jeito como mordia o canto do lábio já dizia mais do que qualquer parágrafo ousado. O silêncio dela era uma narrativa inteira — feita de intenções não ditas e vontades ainda sem roteiro.

E ele entendeu: algumas histórias não são pra serem lidas. São pra serem sentidas. E ela... ela sabia exatamente como começar uma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quero tua boca me rasgando inteira, até eu esquecer que um dia fui silêncio.

 Quero tua boca me rasgando inteira, até eu esquecer que um dia fui silêncio. Não era beijo doce, nem gesto delicado. Era a fome crua, a bo...