Ele tentava decifrar. As palavras dela vinham com pausas estratégicas, olhares longos, sorrisos enviesados. Não era o que ela dizia — era o que ela deixava escapar.
— Você não diz tudo que pensa, né?
Ela deu um gole no vinho, encostou a taça devagar, e respondeu com aquele tom de quem brinca com a tensão:
— Nem sempre falo, mas sempre provoco.
E foi aí que ele percebeu: algumas provocações não precisam de som. Elas tocam por baixo da pele, moram no gesto, na intenção. E ela era feita disso — de silêncios que arrepiavam.
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