Não era sobre pele. Nunca foi só isso. Era sobre aquela faísca que acende antes mesmo do toque, quando os olhos se encontram e o mundo parece fazer silêncio só pra observar o que vai acontecer a seguir.
Ele a olhou por alguns segundos a mais do que o socialmente aceitável. Ela percebeu.
— Posso te tocar com os olhos? — ele arriscou, entre a ousadia e o desejo real de tocá-la de verdade.
Ela sorriu, como quem já estava tocando também.
— O meu toque favorito é aquele que começa no olhar — disse com suavidade, mas firmeza.
E ele entendeu.
Era nos olhos que ela dizia o que a boca escondia. Era com o olhar que ela despia, convidava, acariciava. Sem pressa, sem pressões. Só com intensidade.
Naquele instante, sem mãos, sem proximidade, ele sentiu. Sentiu como se ela já tivesse atravessado a pele, só com a força do olhar.
E aquilo, ele nunca mais esqueceu.
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