Tem gente que precisa de tudo explicado. Vírgula por vírgula. Sinal por sinal. Mas ela não.
Ela escrevia com cheiro, deixava desejo nas pausas e provocava nos silêncios. E ele lia.
— Você sempre deixa tudo tão no ar… — ele disse, tentando decifrá-la.
Ela apenas sorriu, como quem sabe que as melhores respostas não vêm prontas.
— E você sempre entende mesmo assim.
Ela não queria quem pedisse legenda. Queria quem interpretasse os olhares, os gestos, os parênteses da alma. Quem sentisse sem precisar ouvir. Quem tocasse com a mente antes mesmo de chegar perto com as mãos.
Porque há um prazer secreto em ser compreendida no que se esconde.
E ele… ele lia como poucos.
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